sexta-feira, 18 de julho de 2008

Arquivos Digitoartesanais Amazônicos


Pouco antes de retornar a Manaus (ele vai e volta sempre) Zeca Zazaré filiou-se à Cooperatista. Participou da nossa mostra "Comandos Contemporâneos" e enviou de lá estas fotos e o texto sobre sua exposição "Arquivos Digitoartesanais Amazônicos"



Ao longo de sua trajetória, Zeca Nazaré, utilizou-se de algumas ferramentas para expressar seu universo amazônico, sempre abraçando a floresta, mitos e ritos. Inicialmente, as telas, tintas e pincéis e a mesma técnica de pintores renascentistas, que se alastrou por diversas gerações para criar seu trabalho. Do desenho, matriz primeira que jamais abandonou, à pintura, gravuras e todo um acervo de técnicas gráficas, chegou às instalações e a toda uma seqüência de experimentos. Atualmente, o artista embarcou na era da arte digital para compor suas obras inventivas e que buscam o novo. O objetivo de aliar o natural e o digital é uma premissa na nova exposição de Nazaré.
A partir de uma visão intimista, ele desenha suas imagens e então as importa prancheta eletrônica através de programas específicos. O artista explica sua técnica. “São imagens que eu desenho no computador e depois imprimo em canvas de papel ou outro suporte que se fizer necessário. Além de duas instalações, uma com canoas, construídas com talas de buritizeiro, material utilizado pelas crianças locais para fabricação de papagaios, a outra é feita com canos de PVC coberto com adesivos coloridos, os quais lembram os troncos de árvores ou madeiras que sustentam as palafitas dos caboclos”, declarou Nazaré.
Símbolos amazônicos, como animais, plantas, flores, árvores, pássaros, rios, céus, canoas revelam uma espécie de diário poético, onde o individual e o coletivo estão entrelaçados, cada um com seu simbolismo. “Considero-me um artista múltiplo. Trabalho com vários meios, dentre os quais as artes gráficas, gravuras, desenhos, pinturas, objetos e instalações. Hoje, minha produção está voltada para o universo visual, que é minha raiz. Canoas, bichos, barcos, árvores, enfim, tudo o que compôs o universo visual de minha infância”, disse o artista.


De acordo com Nazaré, a exposição é composta de seus arquivos digitais, através dos quais, torna-se perceptível que a subjetividade é a principal proposta de seu processo criativo. Sempre se permeando pelo desejo de descoberta de outros mundos, em que a imaginação combinatória está presente na transformação do objeto real em uma outra expressão. “Sinto um enorme prazer de estar na vanguarda de um novo movimento nas artes visuais, como é a incorporação de novas ferramentas como o computador e as impressões digitais para fazer meu trabalho. Acima de tudo, estou muito feliz de estar fazendo de Manaus meu porto novamente, já que passei muitos anos tendo São Paulo como minha Manaus grande”, completou Nazaré.
Atento à realidade, Zeca Nazaré é um artista de poética atual. Comprometido com as novidades e, principalmente com a arte, nunca se submeteu a estilos, sempre usando técnicas, materiais e signos para traduzir sua particular visão de mundo. Para ele a arte é uma maneira de pensar, sentir e de expressar e para tanto manipula formas, elementos, objetos, cores e as transforma.
Nascido em 20 de maio de 1952, Zeca Nazaré teve seus primeiro contatos com as artes visuais em meados de 1964, quando aos 12 anos de idade, realizou um curso por correspondência de São Paulo chamado “Desenho Artístico e Publicitário”. Entre 1965 e 1966, o artista adentrou o curso de pintura da Pinacoteca do Estado do Amazonas, onde estudou com artistas do calibre de Moacir Andrade e Manoel Borges, Afrânio de Castro, Álvaro Páscoa, dentre outros.
No início da década de 70, ele teve sua primeira incursão profissional, voltada para área de publicidade. Nesta época, Nazaré, dividindo-se entre trabalhos nas cidades de São Paulo e Manaus, envolveu-se com outras áreas artísticas, como música, teatro e dança. Dentre seus principais feitos estão: a organização do Salão Aberto de Arte, a diretoria de arte da Fundação Cultural do Amazonas, participação na Bienal de São Paulo (1976) e uma exposição coletiva em homenagem aos dez anos da Zona Franca de Manaus.


Local: Galeria do Largo, Rua Costa Azevedo, n° 290

MANAUS - AM

Até 21 de setembro 2008


Horário para visitação: de terças a domingo, de 15h às 21h


Entrada gratuita

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